Redes sociais tornam as relações superficiais?

Outro dia, conversando com uma senhora, de seus 55 anos de idade, sobre seus interesses em computador e internet, ela disse que gostaria de aprender mais sobre compras online, edição de fotos, sites de buscas, e outros itens que considerava úteis para sua vida, menos redes sociais. Quando perguntei a razão, ela não soube responder ao certo o porquê, disse apenas que não se interessava.

Esse episódio me fez pensar, e me lembrei de já ter lido num texto que a internet está promovendo o enclausuramento humano, deixando que as relações cara a cara, corpo a corpo, se limitem aos posts eventuais, e que as pessoas se “escondem” atrás de suas máquinas, separadas do convívio e isoladas em si mesmas, vivenciando relações superficiais através das redes sociais.

Analisando minha vida, a vida das pessoas, a luta diária que inunda cada cada uma, constatei que, o que realmente separa, isola as pessoas umas das outras é a própria vida. A vida que levamos, a vida que nos leva dia a dia mais longe de nós mesmos, mais longe dos pequenos prazeres e das conversas à toa que lotavam as calçadas em décadas tão distantes, que até parecem pertencer a uma “outra vida”.

Abri, então, minha página no Facebook, e dei uma boa olhada nos grupos em que estou inscrita, nas pessoas que fazem parte da minha rede. Tenho uma prima em Curitiba, outra na Itália e ainda uma na França. Sabe há quanto tempo não sabia da vida delas? Anos, quase uma vida. Tenho amigos muitos queridos que encontrava sempre, viajávamos, bebíamos, agora estão na fase de filhos pequenos, bem diferente da minha. E aí penso em tantas pessoas distanciadas pela vida, tanto física como psicologicamente, isoladas e enclausuradas em suas vidas.

No entanto, hoje me sinto mais perto de todos eles. Todos os dias temos um encontro marcado. Acompanho suas vidas, a mais nova gracinha de seus filhos, onde estão, o que comeram e continuo viajando com eles. Onde? No único local democrático e aberto 24 horas, a internet e a rede social.

Sim, basta digitar em meu browser e rapidamente me conecto a eles, a suas vidas. Seja um acontecimento inusitado ou absolutamente corriqueiro do dia, nos falamos, rimos, discutimos e compartilhamos o que pensamos, dando continuidade e retroalimentando o relacionamento. É bom, é divertido e dá uma gostosa sensação de continuidade da amizade.

Nada passa despercebido da rede, nenhum acontecimento fica isolado ou esquecido. Meus antigos colegas de escola têm uma comunidade, meus grupos de dança trocam fotos, vídeos e chamegos, meus parentes distantes me lembram de onde eu vim. Nunca me senti tão inserida em meus grupos, tão perto da minha família. Só o fato de curtir um post já declaro “ai amigo, estou aqui com você, estaremos sempre juntos”.

Numa dessas tardes corriqueiras fiz um inocente pudim de leite. Ele ficou tão perfeito, eu tão orgulhosa de meu pequeno feito, que não resisti, tirei uma foto com meu celular e postei. Que bobagem…acha mesmo? Nada menos que uns 30 posts de amigos fizeram o pudim muito mais gostoso!

E vamos combinar, o post “Gooooooooooooooool!” é bem melhor que os berros que ecoam das janelas de flamenguistas, botafoguenses, vascaínos, fluminenses, etc.

Claro, sempre que possível, marcamos um encontro cara a cara…difícil é conseguir compatibilizar nossas vidas mas, vai lá, até que conseguimos nos ver também. E aí a amizade continua, os laços se reforçam e seguimos nossas vidas, separadas pela vida, mas unidas como nunca no ciberespaço.

Então é isso, as amizades existem, estão no plano físico, mas também estão nas redes sociais, sendo reforçadas e confirmadas. Cabe a nós sabermos dosar, identificarmos o momento do calor do abraço e o momento do afago virtual.

3 comentários Adicione o seu

  1. Rafael disse:

    E viva às redes sociais!
    E viva aos blogs!!!
    Graças a eles posso xamegar pessoas tão queridas como vc, Ciça, e ao mesmo tempo curtir um texto tão gostoso!
    Parabéns!!!
    Bjos canadenses

  2. Simone disse:

    Adorei seu texto, reflete exatamente o que penso, as redes sociais nos aproximaram das pessoas e cabe à nós transformar as relações em reais, quando for possível, e se não for, manter esse vínculo que considero um presente.
    Parabéns pelo blog, muito interessante!

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